quarta-feira, 28 de março de 2012

VOCÊ CONHECE O QUIXOTE DE LA MANCHA?

El hombre de la Mancha






Será que o Quixote de la Mancha é somente um personagem criado por Cervantes na sua novela? Ou deveríamos dizer no primeiro romance que o mundo conheceu, como alguns consideram a obra?

Há poucos dias, ouvi de uma pessoa desiludida que o Quixote não existe mais. Não existe. Está passado de moda. Escondido em um baú escuro e úmido. O Quixote é coisa do passado.

Será? Ou talvez nossos olhos não foram treinados para descobrir os quixotes nas ruas da cidade, nos barzinhos do Largo, nas salas do Belas Artes, diante de um quadro no Museu Niemeyer, na livraria de usados buscando um título quase desconhecido, na noite de autógrafos lançando um livro para meia dúzia de pessoas, encostados nos vidros das agências de turismo olhando os cartazes com os olhos do desejo, procurando um vestido de noiva em algum atelier, olhando uma bola de futebol e sonhando.

Interessante que eu não consigo ver o Quixote encaixotado em um gênero literário, abarrotado de estúdios literários, morto.

Eu vejo o Quixote, ou os quixotes, todos os dias: é o poeta que vende seu livrinho feito por computador na Rua das Flores; é o ator de teatro que quase morre de fome, mas persiste esperando o êxito de sua próxima peça; é o recém formado que sonha em fazer uma pós-graduação na Europa, ainda que esteja desempregado no momento; é o empreendedor que inicia um pequeno negócio, mas sonha que terá êxito internacional; é o esportista sentado no banco de reserva, mas sonhando com um jogo fantástico. Céus!

Este é um mundo de quixotes! E de sanchos!

Quixote enlouquece, outros bebem nos bares, fumam ou ingerem substâncias proibidas, são os quixotes que chegaram ao limite de suas forças. Não conseguem mais sonhar sozinhos. E não adianta que uma sociedade materialista, doente, consumista e hipócrita julgue os outros – não sem antes olhar o verdadeiro rosto no espelho. E não falo dos dentes brancos depois de tratamento, nem do rosto de photoshop, falo do verdadeiro rosto – esse que escondemos dos vizinhos. Já falava Jung que quanto mais reprimimos “a sombra”, mais ela se fortalece.

Vivemos em um mundo de sonhos desconcertantes e de realidades desconcertantes. Um mundo de vazio existencial, de medos, de máscaras, de fantasias. Um mundo de palavras e imagens. Um mundo no qual os quixotes nascem, crescem, envelhecem, morrem e nem sempre conseguem realizar os seus sonhos. Eles deixam algumas sementes de ideias. E novos quixotes nascem e tomam o lugar daqueles que se vão. Como lemos na letra “The Impossible dream”: “Tentar com os braços exaustos alcançar a estrela inalcançável”. É isso mesmo. Sonhar e batalhar. É sempre amanhã que os sonhos podem ser realizados.
Hoje é só dia de luta.

E o mundo seria melhor porque um homem desprezado e coberto de cicatrizes ainda luta com o que resta de sua coragem para alcançar a estrela inalcançável”.

Queridos leitores, existe algo mais “quixotesco” do que isso?

Isabel Furini é escritora e poeta premiada (e-mail: isabelfurini@hotmail.com), autora de “Eu quero ser escritor – a crônica”, da Editora Instituto Memória.

segunda-feira, 26 de março de 2012

El sueño imposible

Esse vídeo com imagens do livro "O pequeno príncipe" ilustra a bela filosofia da música de Joe Darion/Mitch Leigh composta em 1965.

sábado, 17 de março de 2012

ISABEL FURINI CONCEDE ENTREVISTA À ANGELA REALE


Angela Reale, atriz, radialista e escritora, teve uma crônica de sua autoria escolhida para o livro Eu quero ser Escritor . Interessada na obra e no trabalho do cronista, enviou algumas perguntas pelo e-mail:

1- A crônica é mais fácil de escrever, em relação a outras categorias?

Escrever bem é difícil em qualquer gênero literário, mas a crônica, por ser um texto curto, baseado no dia a dia, é mais atrativa para o iniciante. Um romance exige muito fôlego, já o conto e a crônica, por serem trabalhos pequenos, exigem muita tensão emocional para cativar o leitor, mas o trabalho termina em pouco tempo e o autor pode escrever outro texto e acumular experiência. Por isso, iniciamos a coleção Eu quero ser escritor com uma obra dedicada ao estudo da crônica, uma maneira de incentivar os interessados a escrever e aprimorar-se.

2- É possível aprender a fazer literatura numa oficina literária ou o escritor apenas encontra ali uma porta?

As oficinas literárias têm como objetivo orientar os iniciantes e não formar escritores. O escritor constrói a si mesmo, mas uma oficina pode ser como você bem disse: uma porta de entrada. Porém o caminho é muito longo. O aprendiz pode encontrar em uma oficina as informações, enriquecer-se com os diálogos, escutar os colegas, descobrir novos horizontes, mas ele mesmo terá que desenvolver a sua imaginação, arquitetar os seus textos, descobrir seus pontos fortes e fracos.
3- Todo livro, ao ser editado, tem um público alvo. O livro Eu quero ser escritor – crônicas – destina-se a quem?

O público alvo desse livro está constituído pelas pessoas que gostam de escrever, que desejam aprimorar-se, que querem saber um pouco mais sobre a crônica.

4- Dentre os alunos, consegue perceber uma mudança emocional após o texto pronto?

Muitos deles, especialmente aqueles que não se acham com o “dom” para escrever, depois que terminam um texto, ficam admirados com a própria obra. Dá muita alegria perceber que foram capazes de vencer o desafio de escrever uma crônica ou um conto, que o trabalho ficou bom.

5- Entre homens e mulheres, é possível fazer uma distinção sobre os temas escolhidos?

Sempre há exceções, assuntos comuns para ambos os sexos, mas entre os temas mais trabalhados pelas mulheres estão moda, usos e costumes, filhos, relacionamentos – seja de casal, amigas, membros de uma família – enquanto os homens escrevem mais sobre acontecimentos no trabalho, piadas de bar, bebidas.

6- O apoio de uma editora é fundamental. Teve algum problema quanto a isso?

Nesse livro não tive problemas porque em 2009, quando foi publicado O Livro do Escritor pela editora Instituto Memória, Anthony Leahy, o editor, já havia solicitado um livro sobre crônicas.

7- Eu quero ser escritora. O que diria para mim?

Em primeiro lugar, procurar leituras dos assuntos que você gostaria de escrever. Um poeta pode ler crônicas, contos, romances, livros de não-ficção, mas deve procurar ler livros de poemas, especialmente de autores consagrados, para sentir o ritmo, descobrir as metáforas, entender o caminho seguido pelo poeta. Um futuro cronista precisa ler livros sobre diferentes assuntos para aumentar sua cultura geral, ler crônicas para descobrir como os diferentes autores arquitetam seus textos. Precisa também analisar os acontecimentos mais simples, ver o mundo com olhos diferentes. Questionar o mundo.
A base da escrita é a leitura e a reflexão. Um escritor organiza em palavra sua visão do mundo. Ler o mundo e descrevê-lo pode ser um belo exercício literário.

Isabel Furini é escritora e poeta premiada.

EU QUERO SER ESCRITOR - A CRÔNICA


O desejo de ser escritor pode nascer a qualquer idade. Às vezes na época de infância, outras, depois de se aposentar. Escrever é um encontro consigo mesmo. É um trabalho não só com o texto, mas também é uma maneira de trabalhar nossas ideias, conceitos, pensamentos, de treinar nosso olhar sobre o mundo. Escrever é exprimir emoções e pensamentos.

O livro Eu quero ser Escritor, de minha autoria, tem como objetivo dar dicas para os novos cronistas. De maneira simples o leitor perceberá que em cada capítulo são analisados aspectos diferentes da crônica ou as maneiras com as quais os cronistas escolhem para conseguir um assunto, para melhorar uma página.

A crônica é um gênero leve, de leitura fácil, e, nesta época de internet, muitas pessoas têm blogs ou sites e querem se aprimorar como cronistas. Esse é o objetivo do livro Eu Quero ser Escritor, assinalar caminhos, dar dicas práticas, ajudar os novos escritores no difícil exercício da arte de escrever.

Eu quero ser Escritor, publicado pela editora Instituto Memória, será lançado em 27 de março, às 19 horas. O lançamento será no Palacete dos Leões, Av. João Gualberto, 530, Alto da Glória, Curitiba. Mais informações pelos fones: (41) 3352-3661 ou 3352-4515. Junto com o lançamento acontecerá a abertura da exposição O mundo dos sonhos, do artista plástico Carlos Zemek.
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