quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Poema Pranto para os Guarani Kaiowás



Este povo precisa de nosso apoio, vamos assinar e compartilhar essa mensagem para que possamos atingir, mobilizar e sensibilizar o máximo de pessoas. 

LINK PARA ASSINAR A PETIÇÃO:http://www.avaaz.org/po/petition/Salvemos_os_indios_GuaraniKaiowa_URGENTE/?ceqKDdb

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Quadro de Paulo Dias - Miniconto de Mauro Blumenthal Silka


Eram observados pela menina, sua filha, e pelo avô, pai da mulher. O casal discutia na rua em frente à sua casa. O tom ainda era educado, mas notava-se a presença da indignação no gesticular de ambos.
- “ Então, porque eu não posso?” , perguntou a mulher com um certo rasgo de ironia.
- “Dai-me incensos! Sempre a mesma tecla! Estou cansado de repetir.”, disse o marido, olhando para Deus.
O sogro, neste momento cruzou os braços. Continuava observando a conversa repetida e cansativa. Enquanto! a filha, que torcia pela mãe, olhava do alto da sacada e pequeno teatro familiar.
- “Você não pode, pela última vez, por você é mulher! Vê se entende isto!, falou o homem pausadamente, esboçando uma quase desistência ao diálogo.
“ Eu vou, de qualquer maneira, a partir de hoje PENSAR  e vou falar o que eu quiser. Começando em ressaltar a tua ignorância, caveira de burro! Quero minha integridade e quero garantir a independência de espírito de minha filha!” , falou firme a mulher.
- “ Acaba aqui o reinado do macho e começa o direito de ter ideias e lutar por elas”, finalizou, deixando transparecer um semblante de vitória e alívio.
A menina sorriu.
O sogro continuou de braços cruzados...



Mauro Blumenthal Silka  -  18/SET/2012       

domingo, 21 de outubro de 2012

Como ensinar poesia na escola?


Poesia!  Ela está voltando com força renovada. Poesia é sinônimo de emoção estética.  É a força da palavra usada para mexer com o emocional humano.
Ela nos leva pelo mundo mágico da imaginação, dos jogos linguísticos, das ideias escritas com rima, com ritmo.

A poesia não é somente fruto do significado, mas também do significante.

E as figuras de estilo são importantíssimas para criar um texto interessante. Um texto que capture o leitor. Atualmente, as figuras de estilo são assunto de estudo em cursos de redação publicitária, de propaganda e de marketing. As figuras de estilo aumentam a expressividade, a emoção do texto.  E todos os poetas queremos escrever e ouvir textos que entusiasmem, com palavras que energizem as ideias.

Geralmente, consideramos três tipos de poemas: lírico, dramático e épico. O lírico possui ritmo e musicalidade e está relacionado à música. É devemos lembrar que as crianças gostam de música, de canto, de declamar poemas, de brincar com palavras e escrever poemas.

Por isso, as aulas de poesia para crianças devem ser lúdicas. Confesso que pensei muito nesse assunto ao escrever o livro "O grande poeta – figuras de estilo e poemas divertidos", publicado pela Matrix editora - http://www.matrixeditora.com.br/


O livro "O grande poeta" da Matrix editora é um livro que diverte enquanto ensina como escrever poemas.  As crianças vão aprendendo as figuras de estilo enquanto brincam com as palavras. Crianças gostam do jogo linguístico.   O aprendizado não pode ser rígido nem cansativo. Os alunos necessitam divertir-se, brincar  com palavras e ideias. Podemos dizer que as crianças gostam de poetizar.

Na realidade não ensinamos a escrever poesia, só orientamos. Cada criança terá uma reação diferente. O educador deve respeitar essas diferenças.

É  necessário fazer ênfase nos efeitos de sonoridade, de imagens, de movimento.  A finalidade das aulas de poesia para crianças é despertar o espírito poético. Estimular o gosto pela poesia. Não podemos esperar que todos sejam poetas, mas que apreciem ler poemas, declamar, escrever.

A poesia para crianças pode começar com "jogo de palavras". O educador coloca uma lista de palavras que rimem e solicita que os alunos criem poemas com essas palavras.

Outros estímulos também podem servir para criar poemas. Por exemplo: falar sobre a metáfora e solicitar aos alunos que escrevam metáforas.  Depois  elaborar o poema baseando-se em alguma metáfora. É preciso dar liberdade.

Alguns alunos farão poemas de pequenos de dois versos (dísticos) enquanto outros escreverão poemas longos. O professor deve estimular a produção poética e entender que alguns alunos terão mais capacidade criativa. O trabalho não é julgar os poemas, mas estimular a criação poética.

O livro "O grande poeta" que publiquei pela Matrix editora é um guia para que os pequenos possam entender essa arte maravilhosa, que é a arte poética.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

O Espanto (conto de Terezinha Maria Pagliarini)


          De repente a notícia através da mídia escrita, trazida pelo
professor da universidade que conhecia  o personagem central da
história.
            Ciro, ao ler seu nome no jornal e muito mais ao ler a
notícia de seu descredenciamento junto à instituição de ensino a que
pertencia, motivado por crime racista, tonteou e caiu. E mesmo naquela
posição releu a notícia enquanto seu pai e também professor da mesma
universidade apontava com o dedo para a notícia do jornal.
            Júlio, o irmão mais velho, mal podia crer que fosse
verdade o que estava escrito naquele jornal, e espantado dizia: "Você,
o exemplo da familia, o quase perfeito?"
            Espanto geral! E a familia surpresa, se indagava em meio
a geral consternação: como, como????

                                                     
Terezinha Maria Pagliarini

ARENA BRASILEIRA Conto de Viviane Flores Goldini

            Januária não reclamava das roupas tristes que lavava. Tão sujas, rotas, tantos buracos que pareciam os das goteiras de sua casa. Deu risada, pensou: Isso merecia um filme ou pelo menos uma risada. Pobre só sai na televisão triste, preso, fudido. Subiu o morro pra fazer a janta carregada de balde d’água. Os meninos ainda iam ter que caçar, marido foi pro mundo arranjar o ouro que todo tolo encontra embaixo da ponte.
            Outra vez arroz, feijão e farinha. Ai de quem reclamasse! Dos três, primeiro chegou o caçula Miguel, não deu uma palavra.
            Januária logo perguntou:
            – Qual foi a aprontação de hoje?
            – Nada, não.
            – Diz logo se sabe. Se mente, apanha, mas se fala a verdade, posso até remedia.
            – Foi moço, mãe, fotógrafo tirou foto minha, mas de roupa, diz que era pra pesquisa, de
Paulo e André também, pago nóis tudo certo, acho que Paulo e André tão lá ainda com ele.
            Januária saiu feito uma égua em disparada, corria, suava, seus pensamentos tinham a força de um coice e a velocidade do desespero.
            Chegou na mercearia onde Miguel disse que Paulo e André ficaram e lá estavam.
            Aparência de estrangeiro, mas era daqui mesmo o fotógrafo.
            Januária tenteou manter-se calma, mandou os guris pra casa, mas antes os fez devolver o dinheiro que o moço tinha dado...

Epílogo:
Januária na cadeia quebrou a máquina de fotógrafo. Os meninos ficaram soltos no morro, sendo tratados pelas comadres Januárias que nem ela.
Januária pensou: Tem máquina de pesquisa aqui!

VIVIANE FLORES GOLDONI publicou o livro: "Poesias bipolares", pela Imprensa Oficial do Estado do Paraná - Secretaria de Estado da Cultura.

Conto: 'Sem título" de Rodolfo Alexandre H. Peixoto


Quadro Do artista Paulo dias n° 06841 (C)
Conto: Sem titulo
Autor: aluno Rodolfo Alexandre H. Peixoto
            Ela morava do outro lado da rua, terceiro andar do prédio em frente ao meu. Só conseguia vê-la quando estava na cozinha, não sabia seu nome, sua idade, não sabia nada sobre essa mulher, mas através dos meus binóculos nunca me senti tão próximo de um outro alguém.
            Nos dias de calor ela abria a janela completamente e ficava com o corpo virado na minha direção. Lavava louça e ligava seu radinho para ouvir música. Ligava também o meu, explorando as estações para tentar adivinhar o que ela escutava enquanto lavava pratos e colheres.
            Havia um muro do meu lado da rua, pintado de rosa, daqueles que quase não se acham na natureza. Um rosa artificial de chicletes sabor tutti-frutti. Nesses dias de sol em que sua janela estava aberta, descia até a calçada, passando muitas vezes consecutivas em frente ao muro, esperando que ela notasse o meu perfil emoldurado pelo papel de parede cor-de-rosa.
            Vinte metros cobertos de tinta pelos quais eu percorria para chamar sua atenção, pelos quais meus pensamentos navegavam pelo rosa. Passei a ver corações na parede e depois a imaginar o corpo desnudo dela. Tocava o muro, passando a mão em sua pele rosada.
            Dias se passaram e tudo parecia mais colorido perto do paredão rosa, os pássaros, as flores, mas não eu, pois ela nunca notava minha presença, nem olhava de canto do olho, me sentia em preto e branco, descolorido.
            Minha vizinha tinha que me ver, não era possível que eu não tivesse cor nenhuma. Gritei por ela, mas sem resposta, precisei tomar uma medida mais drástica, aquilo não ficaria assim, então comecei a escalar seu prédio, rumo ao seu andar. Estava logo abaixo, já ouvia a música do rádio. Quando coloquei uma mão para dentro da janela, pude sentir a água da pia espirrar, foi então que escorreguei. Minha cabeça abriu no meio-fio e minha vida escorreu pelo asfalto, mas lá em cima, antes de fechar os olhos, a vi esticar seu pescoço e olhar para baixo, para mim. Meu sangue era rosa.
Rodolfo Alexandre H. Peixoto

O cinza-quadro, por Marina Carraro


O cinza-quadro.

Conto inspirado no quadro do artista plástico Paulo Dias.
REF. 06857 C

Sou feito do cinza, na mistura perfeita da lembrança com a imaginação.
Meu retrato é de fato incontestável, a vida em sua eterna mutação.
Sou cinza, também pudera quem ouvira dizer que a lembrança se colore a cada era?
O que não me colore, ainda que não ignore tons como:  o preto (ausência de cor) e o branco (expansão de luz), é a recordação.
Já explico: recordação tem tom de cinza.
Sou o dia de hoje, só que ontem.
Sou o macaco que evolui. (Mesmo sabendo que hoje ainda existem macacos). Sou o macaco de antes.


Carrego em mim o cão, que quando são, atendia por Bernardo.
Sou o piuí do trem em movimento anunciando com sua brasa, em extensa fumaça, a próxima estação.
Sou a tela pintada pela imaginação de um pintor.
A chaleira, que por diversas vezes, com a água da fonte, ferveu e perfumou as manhãs com aroma de café quente. Ela, que aos entardeceres contribuiu para cerimônias em volta da mesa de chá.
Sou feito da criança que cochichou sua infância a um amigo que só ela imaginou.
Sou a igreja, na qual o padre, senhor religioso, silenciou tantas confissões. Com seu pai-nosso e tantas outras ave-marias, salvou almas do pecado, permitindo ao fiel, a redenção.
Tenho em meus traços, a projeção de um passado que em preto e branco se pincelou.
Esse passado, que hoje não passa de um belo retrato, que um dia, alguém viveu, ou quem sabe, só imaginou.

Por Marina Carraro,  19/09/2012
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