segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Quadro de Paulo Dias - Miniconto de Mauro Blumenthal Silka


Eram observados pela menina, sua filha, e pelo avô, pai da mulher. O casal discutia na rua em frente à sua casa. O tom ainda era educado, mas notava-se a presença da indignação no gesticular de ambos.
- “ Então, porque eu não posso?” , perguntou a mulher com um certo rasgo de ironia.
- “Dai-me incensos! Sempre a mesma tecla! Estou cansado de repetir.”, disse o marido, olhando para Deus.
O sogro, neste momento cruzou os braços. Continuava observando a conversa repetida e cansativa. Enquanto! a filha, que torcia pela mãe, olhava do alto da sacada e pequeno teatro familiar.
- “Você não pode, pela última vez, por você é mulher! Vê se entende isto!, falou o homem pausadamente, esboçando uma quase desistência ao diálogo.
“ Eu vou, de qualquer maneira, a partir de hoje PENSAR  e vou falar o que eu quiser. Começando em ressaltar a tua ignorância, caveira de burro! Quero minha integridade e quero garantir a independência de espírito de minha filha!” , falou firme a mulher.
- “ Acaba aqui o reinado do macho e começa o direito de ter ideias e lutar por elas”, finalizou, deixando transparecer um semblante de vitória e alívio.
A menina sorriu.
O sogro continuou de braços cruzados...



Mauro Blumenthal Silka  -  18/SET/2012       

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